segunda-feira, 23 de abril de 2012

 Interpretação e comentários do livro: Teia da Vida- Capra

por:Fabio de Azevedo Martins

A TEIA DA VIDA

Há duas semanas atrás quando já estava lendo essa obra de Capra, e buscando entender sua linha de raciocínio sobre o pensamento sistêmico, estava assistindo a Discovery Channel e me chamou a atenção um programa intitulado “The Web of Life”.
Nesse episódio, em especial, mostrava a vida de alguns macacos nas selvas da Tailândia. Até o começo me parecia um programa normal sobre a vida e hábitos de mais um animal, mas a abordagem era muito diferente, pois não só olhava aquele animal, mas sim todo o seu contexto dentro do sistema que ele habitava, suas interferências, seus predadores, suas fontes de alimentos, seu dia a dia, a sua falta como elemento de equilíbrio, enfim entendi o que Capra estava me mostrando de uma forma tão clara e me perguntei, por que não olhamos nossa vida, nossos problemas de uma forma abrangente, ligada, conectada, por que olhamos as coisas de forma fragmentada, tomando ações e tendo pensamentos frios e mecânicos.
Isso porque, nossa sociedade e vida não nos acostumam a ter a percepção, a contextualizar situações.
O exemplo é claro, quando pedimos para uma criança ou até adulto a desenhar uma árvore, o que fazemos:           

Normalmente esboçamos, os galhos, folhas, troncos e frutas.

E o resto ???? E a grama, as raízes, o solo, as minhocas, os microorganismos, o oxigênio, o monóxido de carbono, a luz, os insetos, etc, etc.....
A nossa visão é holística (só o componente fracionado) e não ecológica (o componente fracionado, mas seu encaixe no meio)
Sendo assim, a teia da vida, são redes dentro de outras redes, numa complexa “colcha de retalhos”.
Mas nem sempre esse pensamento ou visão foi assim, uma grande evolução dos conceitos e mudanças de paradigmas vem acontecendo na existência humana para entender essa nova visão.
E essas grandes mudanças fizeram com que o homem nesses últimos 100 anos inventasse mais, criasse mais, progredisse mais, entendesse mais do que toda a história da sua existência.
E o que mudou???
O homem mudou seus conceitos passando a enxergar seu meio de linear e mecanicista, vindas de Platão, Sócrates, Galileo, Newton e Descartes para a não linearidade.
O homem vem evoluindo, entendendo por exemplo, como a estrutura de seu cérebro é imensamente complexa, que contém cerca de 10 bilhões de células nervosas, que são interligadas numa enorme rede com 1.000 bilhões de junções. Todo o cérebro pode ser dividido em sub redes, que se comunicam umas com as outras à maneira de redes. Tudo isso resulta em intricados padrões de redes entrelaçadas, teias aninhadas dentro de teias maiores, ela se estende em todas as direções.
As informações podem viajar em um caminho cíclico, que pode se tornar um laço de realimentação e assim pode adquirir a capacidade de se regular a si mesma.
O grande exemplo da auto organização vem da hipótese de GAIA (Lovelock), no modelo do Mundo das Margaridas, que afirmou por modelos matemáticos não lineares, se afastando do equilíbrio e avaliando o papel dos laços de realimentação, que a vida, efetivamente, fabrica e modela e muda o meio ambiente ao qual se adapta. Em seguida, esse meio ambiente realimenta a vida que está mudando e atuando e crescendo nele, havendo interações cíclicas.
Com o advento dos computadores mais rápidos e potentes os modelos lineares, das nossas equações y=f(x), foi possível resolver novos sistemas, mostrando a mudança da matemática convencional da quantidade e formulas para a qualidade e padrões.
Quando avaliamos, estudamos e aceitamos esses novos conceitos, podemos partir para a uma nova conceituação sobre a natureza da vida.
Numa máquina, as peças são projetadas, fabricadas e em seguida reunidas para formar uma estrutura com componentes fixos. Num sistema vivo, ao contrário, os componentes mudam continuamente. Há um incessante fluxo de matéria através de um organismo vivo.
Nós não vivemos isolados. Somos, sempre, em correlação com os outros e com todas as vidas do universo. Só que esquecemos isso na maior parte do tempo. E nos julgamos seres individuais. Dessa noção errônea nascem todos os nossos demais erros: o medo, a rejeição, a cobiça, o ódio e toda a triste lista de nossas deficiências. Pois, se fossemos capazes de nos vermos apenas como parte de um conjunto, como uma nota de uma sinfonia, não teria porque nos apegar a nada, não teríamos porque sofrer por não termos nada. Tudo nos pertenceria, e pertenceríamos ao todo.
O intuito de trazer de volta essa noção de unicidade com as muitas vidas, humana e não humanas, de que depende a nossa vida. É uma forma de reconectar-se com o todo, de reconhecer-se como membro de uma grande família universal. É, também, uma forma de acalmar nossos sentimentos hostis em relação a algumas pessoas e algumas formas de vida que nos são desagradáveis.
O pensamento e as colocações da Capra estão muito à frente do nosso tempo e até às vezes da compreensão, pois fomos criados numa sociedade mecanicista com visão para analisar as situações de forma fragmentada e não sistêmica. Precisamos olhar as simples coisa e situações em nossa vida de uma forma mais ampla e suas conexões com as redes.
Faça relações como, avalie a precisão e o cuidado indispensáveis para que se teça uma colcha. Cada ponto é único. E por sê-lo, tem que ser perfeito. Um único ponto desatento estraga toda a colcha. Que você tenha sempre mãos e olhos atentos de tecelã quando tocar o mundo.

Faça o deu exercício da rede:
Sente-se em um lugar tranqüilo. Respire profundamente por pelo menos três vezes. Relaxe progressivamente seu corpo, começando pelos pés e chegando à cabeça.
Agora, volte sua atenção para os pés. Você está calçado? Está usando uma meia? Pense na pessoa que lhe vendeu ou deu esta meia (não importa se você não conseguir lembrar precisamente da pessoa, lembre-se apenas do ato de comprar ou ganhar a meia). Sem ela, você não teria essa meia. Sinta seu coração se abrir, e dele sair um pequeno fio de agradecimento que o liga ao coração de quem tornou possível que você tivesse essa meia.
Pense, agora, no algodão que foi tecido para que essa meia fosse possível. Nos insetos que participaram da polinização desse algodão. Nas pessoas que colheram e processaram esse algodão. Lance vários pequenos fios de agradecimento para o algodão, para o solo em que o algodão cresceu, para os polinizadores dos algodão, para as pessoas que o processaram.
Se quiser, continue fazendo isso em relação a todas as roupas e objetos que usa. Mas, se preferir, pense agora em seu corpo. Lembre-se de que é ele que torna possível sua vida neste planeta. Quem lhe deu esse corpo? Seus pais. E mesmo que você possa ter problemas em relação a eles, essa dádiva inestimável tem que ser agradecida. Lance um forte fio de gratidão aos que lhe permitiram ter uma existência física.
Pense, agora, no ambiente onde está. Nos homens que o construíram. Nos materiais que foram usados. Na madeira da cadeira, no tecido do estofamento, nas cerâmicas do chão. A cada objeto que lhe vier à mente, lembre-se de toda a cadeia de seres que foi necessária para fazer com que ele estivesse aqui. E lance um fio de gratidão para cada um desses seres: o fungo que preparou o solo, a árvore que cresceu, o homem que cortou a madeira, o homem que fez a cadeira, o homem que fez os instrumentos que fizeram a cadeira, e assim por diante.
A partir de seu coração, uma infinidade de fios o liga a todos os seres que vivem neste planeta! Você vive porque eles lhe permitem viver. E eles vivem porque outros seres lhes permitem viver.
Esses fios formam uma colcha de luz, uma teia de luz e calor. Essa é a teia da vida, que recobre todo o planeta Terra. Essa é a preciosa herança que recebemos de nossos pais e que temos que preservar para nossos filhos.
Deixe que a energia flua entre você e todos os seres, através dos fios . Receba a energia que lhe enviam, envie-lhes energia. Teça a vida universal a partir de seu coração.
Quando sentir que é o momento de terminar, agradeça a todos eles - e sinta que lhe agradecem também.
Se quiser usar uma versão rápida dessa técnica, habitue-se a, periodicamente, lembrar-se das milhares de vidas que constroem a sua vida e a agradecer-lhes. Faça isso ao comer, ao tomar banho, ao adquirir um objeto - sempre que se lembrar.
Use na sua vida, use na empresa, use com seus colegas, use com seus problemas e frustrações, não guarde ressentimentos, entenda o outro.
Todo esse lado da qualidade e não só quantidade e métricas, possibilita que nosso PENSAMENTO seja SISTÊMICO, olhar para tudo e todos, fazer diferente, fugir do equilíbrio e buscar o equilíbrio, aprender e realimentar seus conceitos, expandir o aprendizado. Tudo isso é difícil, mas não impossível. Só assim nós, nosso meio e nossa Empresa serão melhores....

Nenhum comentário:

Postar um comentário